sexta-feira, 25 de julho de 2014

Crítica - Mommy Porn

Sim, vamos falar de assuntos polêmicos.
Todos sabem que ontem saiu o trailer da tão esperada adaptação do livro 50 tons de cinza para o cinema e aí BOOM, o que estava esquecido voltou a ser lembrado! O que eu vou fazer aqui é mostrar o que eu penso a respeito desse gênero de livros.
christian gray gato
Explico que não tenho nada contra o gênero e inclusive li (por enquanto 50 Tons de Cinza e os dois primeiros da saga Crossfire, então vou focar mais neles), e posso dizer que nos dois casos, fiquei curiosa para saber o que ia acontecer e não tão vidrada nas cenas calientes. O que eu sempre me questiono enquanto leio é: Como podem aceitar essa trama? Como as mulheres podem ler isso e considerar aceitável? Separei em alguns tópicos para não escrever sem rumo:
Mulheres-milagre: Em ambas as tramas, que por sinal, têm muito em comum, as protagonistas são definitivamente um milagre. Isso porque os garanhões da trama são mulherengos, inalcançáveis e verdadeiros casos perdidos. Mas as mulheres-milagre que aparecem em suas vidas, magicamente fazem com que absolutamente tudo mude em questão de meia dúzia de páginas. Christian Grey desiste de seus hábitos criados por ANOS quando Anastácia faz cara de magoada. Gideon Cross nunca levou uma mulher para sua casa, mas quando Eva dá um chilique, ele a leva. Como isso acontece, que poder elas têm, ninguém sabe. Tudo bem, quando as pessoas sentem algo diferente, elas podem mudar. Mas o que acontece é que a rapidez que os fatos se sucedem é um pouquinho acelerada e, para mim, incoerente.
Ana, de 50 tons, inclusive era virgem, estava totalmente despreparada para tudo, não sabia nem onde colocar a mão, convenceu o cara de fazer o que ele não fazia e ele do nada aceita, quando o mais provável é que ele mandasse ela ir pastar.
Atração está para desastre?: Em ambos os livros temos uma cena no mínimo patética quando as protagonistas conhecem seus futuros parceiros. As duas caem no chão. Anastácia vai fazer uma entrevista com Grey e ao entrar em sua sala, pisa em uma casca de banana invisível e vai ao chão. Eu sairia de lá rapidinho, mas Ana é ajudada por um solícito Christian e, para coroar a péssima qualidade da escrita sente choques elétricos onde ele encosta. Acabou de conhecer o cara e já tá derretida assim?
Eva, por sua vez, vai ajudar uma moça, se atrapalha e CAI aos pés de seu futuro amado. O que há com essas mulheres? Qual a chance de conhecer um namorado desse jeito? A situação é amenizada porque Gideon agacha ao nível dela, tratando ela como uma igual, para ajudá-la.
Meu único questionamento é: cair é sexy? A única reação que eu vi para alguém caindo no chão é riso e solidariedade.
Riqueza e Submissão: Daí você cai literalmente aos pés de um cara podre de rico. Daí ele manifesta interesse por você, mesmo você não se encaixando nas preferências dele. Então, no caso de Ana, em 50 tons, ele te leva pra casa dele, fala umas coisas bem estranhas e aí você descobre que ele é dominador (lembrando aqui que você é virgem, hein?) e quer que você assine um contrato. Um contrato, gente, olha o absurdo! O que você faz? a) Sai correndo, falando que seu gato está sem comida há dois dias b) Sorri para o lindo, reluzente, viril e RICO homem em sua frente e assina.
Crítica a 50 tons de cinza
Não dá. É de dar revolta! Sabemos que o contrato é assinado pela atração que Ana sente, por nada mais. Ela não conhece o cara, ele sai meio que perseguindo a menina e ela achando tudo super normal, incrível e conversando com sua deusa interior (que é outra coisa desnecessária na trama e só mostra como a personagem é insegura. Ponto positivo pra Sylvia Day que não  inventou nada do tipo para sua personagem, a Eva).
Fica claro que o fator riqueza e beleza são fatores de decisão importantíssimos nesses dois títulos. Eva é mais velha, sabe o que quer, não é boba e tem dinheiro também, o que ameniza, mas não dá perdão a ela.
Tudo se resolve com... sexo: Enquanto leio e vou conhecendo mais sobre os personagens, não posso aceitar e nem entender que todos os conflitos que aparecem sejam resolvidos com sexo.
Os personagens estão na maior briga, ou em uma situação estranha e desconfortável e aí de repente, um se aproxima do outro e inesperadamente a situação muda, tudo começa a esquentar e pronto! O problema foi resolvido. Ou, no mínimo, adiado para outro momento mais oportuno.
Eu poderia citar as situações estranhas ou embaraçosas aqui por um dia todo, mas o post vai ficar ENORME (já está). Entre as duas séries que li, considero Crossfire  um pouco melhor, já que existe uma trama um pouco mais elaborada girando em torno dos personagens e a autora consegue segurar um pouco mais os mistérios e dilemas, prendendo o leitor.  O ponto que me dá mais raiva é a dependência descarada do casal, em diversas partes do livro somos soterrados de frases como "Se você me deixar, eu me mato" ou "eu não sou nada sem ele, minha vida não presta".
Se alguém dissesse isso para mim, eu ficaria assustadíssima, sério.
50 tons já traz algumas coisas mais infantis por parte de Ana, como a já citada deusa interior, assim como todas as inseguranças da moça e a necessidade de Christian de encher ela de presentes, coisas caras e, com elas, imposições das mais variadas. Sem contar as manias que os machos alfa têm de perseguir suas amadas. São quase onipresentes, sabem tudo que elas vão fazer, onde estão, onde estarão, olham faturas do cartão, quebram sigilo... GENTE, não é romântico, é medonho!
O que me fez escrever esse post é mais uma dica (lembrando que todos têm o direito de discordar, hein?): Meninas (e meninos) que lêem e ficam sonhando com um Sr. Grey ou um Gideon Cross: por favor, tenham senso crítico! O que nos é apresentado nessa literatura é algo fantasioso, um romance forte com pretextos para cenas de sexo. Vale sempre ser realista e se perguntar: "Isso é realmente romântico ou é uma forma de violar a privacidade e a liberdade da pessoa?" ou "Como eu me sentiria se isso acontecesse comigo?".
NÃO é legal aceitar ser submisso a alguém, não faz bem ser comandado ou comandada de alguma forma e, principalmente, o envolvimento com alguém que traz traumas do passado provavelmente não vai ser algo tão doce como por vezes é descrito nos livros.
E lembrem-se! Se não concordarem com algo em  um relacionamento, exponham! Ninguém tem obrigação de nada, a não ser respeito!
E pelo amor de Deus: não assinem nenhum contrato!

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