quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Resenha - Morte Súbita

Morte Súbita Harry Potter


Sinopse: Quando Barry FairBrother morre inesperadamente aos quarenta e poucos anos, a pequena cidade de Pagford fica em estado de choque.
A aparência idílica do vilarejo, com uma praça de paralelepípedos e uma antiga abadia, esconde uma guerra.
Ricos em guerra com os pobres, adolescentes em guerra com seus pais, esposas em guerra com os maridos, professores em guerra com os alunos… Pagford não é o que parece ser à primeira vista.
A vaga deixada por Barry no conselho da paróquia logo se torna o catalisador para a maior guerra já vivida pelo vilarejo. Quem triunfará em uma eleição repleta de paixão, ambivalência e revelações inesperadas? Com muito humor negro, instigante e constantemente surpreendente, Morte Súbita é o primeiro livro para adultos de J.K. Rowling, autora de mais de 450 milhões de exemplares vendidos.
O que eu achei: Se você espera ler um novo Harry Potter, cercado de magia, amigos leais e etc., nem abra o livro porque vai ser decepção garantida. Morte Súbita traz a história de Pagford, uma cidadezinha britânica que, pelas descrições é muito pequena e todo mundo se conhece.
Os habitantes ficam em polvorosa depois da morte de Barry Fairbrother, presidente do conselho da cidade e defensor de um vilarejo chamado Fields que foi atribuído à cidade mas que, apesar disso, muitos moradores não aprovam a atribuição e vêem o vilarejo como uma mácula para a cidade, já que este abriga moradores mais pobres e muitas vezes com problemas com drogas e etc. Como Barry veio do pequeno vilarejo e conseguiu superar as dificuldades impostas pela vida, ele trazia a crença de que havia mais gente que poderia ser "salva" das circunstâncias e apostava alto na menina Krystal Weedon, habitante do vilarejo que tinha uma mãe viciada e um irmão mais novo que por muitas vezes teve que cuidar.  Barry descobriu nela uma ótima remadora e ambos acreditavam que isso poderia ser sua salvação. Krystal não tinha muitos modos, mas tinha muito amor por seu irmãozinho Robbie e sempre que podia, defendia e incentivava suas colegas de equipe com seu jeito grosseiro e engraçado.
O livro é narrado em terceira pessoa e vai fluindo aos poucos entre os acontecimentos de várias famílias da cidadezinha, desde fatos cotidianos até a expectativa pela eleição de um novo conselheiro, que pode seguir os passos de Barry e lutar por Fields ou pode de uma vez por todas acabar com o vilarejo e com a clínica de reabilitação que atende os necessitados.
No início eu senti dificuldade com a leitura, não porque a linguagem é difícil nem nada do tipo, apenas porque a história não possuía nada que prendesse a atenção, porém insisti e percebi que aos poucos eu ia me envolvendo com os personagens, querendo saber quais eram seus problemas e os seus segredos por baixo dos panos, já que o que se pode perceber no livro é que muitas pessoas vivem de fachada e também possuem segredos, como revela o Fantasma de Barry Fairbrother, personagem criado por um dos adolescentes da história que, cansado de sofrer nas mãos do pai violento e candidato à Conselheiro, invade o site do Conselho da cidade e posta segredos de sua família na esperança de desmoralizar o pai e impedir que a cidade fique nas mãos de alguém como ele. Essa ação, no entanto, acarreta uma série de outros posts com segredos de outras famílias, todos eles publicados pelos adolescentes e na maioria das vezes, por membros das próprias famílias.
Várias histórias, do presente e do passado, são trazidas para ambientar o leitor e é possível perceber que cada personagem traz seu drama, seus fantasmas e segredos que os incomodam e assombram e, com a exposição do que se passa pela cabeça dos personagens, o leitor acaba entendendo o motivo de suas ações, mesmo que elas possam parecer erradas de início. 
A leitura é fácil, J.K. escreve fantasticamente e a tradução também é muito boa. Porém, é uma narrativa diferente de Harry Potter, com mais palavrões e mais situações cotidianas, sexo, drogas, estupro e impunidade, mas não de um jeito que interfira na leitura ou a deixe desagradável.
Um detalhe que não gostei muito foi o fato de o final do livro ser aberto: não há uma conclusão dos fatos ou a resolução dos problemas, mesmo que por ora. As coisas ficam subentendidas e, ao que parece, tudo vai se encaminhando. Senti falta de algo conclusivo e, ao mesmo tempo, imagino que não teria como haver outro final, afinal de contas, a vida de todos os personagens iria continuar. O livro não traz um final feliz, não traz a solução para os problemas de ninguém e acaba com acontecimentos bem dramáticos que me deixaram bem triste e isso indica que o livro cumpre muito bem sua missão, afinal de contas, não tem graça se não mexe com a gente, não é?
Nota: 3/5